Assalto ilegal à <i>TNC</i>
A Polícia foi usada para permitir um roubo
Uma grande operação policial, envolvendo mais de 200 agentes, foi desencadeada na madrugada de terça para quarta-feira, para remover os cerca de 40 camiões em que anteontem alguns trabalhadores da Transportadora Nacional de Camionagem se voltaram a deslocar para o Campus da Justiça, onde se situa o Tribunal do Comércio de Lisboa, que tem em mãos o processo de insolvência da empresa. Protestaram assim contra o atraso na decisão judicial, mais de 48 horas úteis depois de entregue o plano de recuperação já rectificado no IAPMEI, com técnicos da empresário Luzia Leal e do STRUP/CGTP-IN. O sindicato revelou ainda que desta vez se fariam ouvir as buzinas a cada meia hora e tinha já anunciado buzinões mais prolongados para ontem (depois de, ao fim da tarde de terça-feira, se ter percebido que os documentos entregues desde dia 3 estavam ainda desorganizados e não tinham chegado às mãos da juíza). Sem receberem salários há dois meses, os trabalhadores persistem que cada dia que atrasa a retoma da laboração prejudica a efectiva viabilização da empresa.
A operação policial, desencadeada com base numa decisão cuja suspensão tinha já sido pedida, permitiu que fossem retirados veículos da TNC com elevado valor patrimonial. Durante a madrugada, estiveram com os trabalhadores vários dirigentes sindicais e, em declarações aos jornalistas, o coordenador da USL/CGTP-IN classificou como «um roubo» o que estava a ocorrer. Bruno Dias, deputado do PCP, e outros camaradas passaram também a noite à porta da empresa, em Alverca.
De manhã, enquanto uma delegação reunia no Ministério da Economia, dezenas de trabalhadores concentraram-se nas imediações.
O despacho da juíza, a suspender o processo de insolvência e a marcar para 5 de Dezembro a assembleia de credores que deverá decidir a viabilização, foi conhecido só ontem de manhã, mas foi emitido ainda na terça-feira.